Futsal: Padres comemoram triunfo no campeonato nacional



Compatibilizar o sacerdócio com a prática desportiva é possível, considera o capitão da equipa de padres da diocese bracarense que se sagraram campeões nacionais de futsal. O padre Gil, que também é capitão da selecção nacional, e eleito o jogador europeu do ano, lembra que já quando andava nos bancos da escola “a gente ouvia os mais velhos a falar dos torneios que faziam na Faculdade de Teologia, de jogos na universidade, como de encontros que se faziam ao nível particular”.


Futsal como pontapé de saída para as relações humanas

“Nós hoje temos esta sorte de poder participar no torneios da Europa e nos torneios diocesanos, que começam por ser quase brincadeiras, mas que nos vão juntando não só no seu cariz desportivo e também nas relações humanas entre sacerdotes. Isso é que e o mais positivo para nós. Mas nesta preparação que fazemos também tendemos a esforçar-nos. Quer dizer, pro-curamos fazer mais e melhor”, acrescenta.

Com a equipa de Braga que se sagrou campeã nacional, explica ainda o pároco das freguesias do baixo concelho do município da Póvoa de Lanhoso, “participava--se, mas não se levava a participação com alguma seriedade. Este ano começou-se mais cedo a preparação.

Futsal não é só chegar ali e jogar. É preciso aprender a jogar à zona, 2:1, 3:1, defender, subir, atacar, fazer as compensações. Foi isso que nós basicamente estivemos a aprender, e fomos aprendendo ao longo do tempo como tratar uma bola, como ser solidários uns com os outros, e o resultado está à vista. É como nas comunida-des: temos que trabalhar”.


Sacerdotes são diferentes de padeiros ou professores?

Questionado sobre se ser sacerdote faz diferença ou se seria a mesma coisa uma competição desportiva destinada a padeiros, enfermeiros ou professores, o padre Gil responde-nos: “naturalmente há uma grande diferença. Uns estudam enquanto outros trabalham, já se torna uma certa banalidade, não só porque encerra em si toda a parte da história do homem da fé, daquela pessoa que está quase, por assim dizer, fora do nosso alcance muitas vezes, acaba por trazer alguma desconfiança: será que eles também sabem jogar à bola?”, questiona.

“As pessoas esquecem de um pormenor. É que nós antes de sermos sacerdotes temos que ser homens. E isso as pessoas às vezes tendem a ter dificuldade em conciliar. Mas eu penso que a nossa resposta tem sido positiva e acho que e isso que fica e acho que é isso o mais importante”, explica.

Perguntamos ainda se é costume os padres praticarem desporto também integrados com desportistas com outras profissões. O nosso interlocutor responde-nos que já foi ele mesmo jogador de futsal e até de futebol de onze, integrado em equipas com homens de outros ofícios.

E perguntamos se os padres pecam por palavras e actos, dizendo palavrões quando falham um remate fácil ou sofrem uma canelada. Ri-se e responde que se por erro dermos com um martelo num dedo não dizemos “que dia bonito! Costumo dizer que isso depende do temperamento de cada um. Eu, por exemplo, tenho de me controlar bastante por causa disso”, adianta.

Outro elemento que integrou a equipa da diocese bracarense campeã nacional de futsal, o padre Rodrigo, quando questionado sobre se para praticar desporto faz diferença ser padre ou seria a mesma coisa se se tratasse de padeiros, professores ou polícias, responde que quando jogamos futebol, neste caso futsal, nós quisemos ganhar”.


“Tínhamos objectivo de ganhar”

“Neste campeonato notou-se isso mesmo. Nós, com algum jeito para o futsal, tínhamos um objectivo bem claro: era ganhar. Independentemente daquilo que cada um faz, o importante é mesmo a vitória'.
Em relação a homens de outros ofícios, admite uma diferença, ao nível do fair-play. “Nós, a jogar, também temos em conta o nosso adversário. Ser campeões é o feito de um trabalho que preparamos ao longo de alguns tempos, para ganhar”, comenta.

16-07-2012 - Correio do Minho

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