
Antes da partida para o desafio olímpico, o canoísta - agora ao serviço do Sporting, depois de vários anos no Clube Náutico de Prado - revelou a ambição e a emoção por representar Portugal ao mais alto nível. As expectativas, confessou, são elevadas, fruto do bom trabalho de preparação realizado.
“Formalizámos logo três patamares: primeiro, o apuramento olímpico e está concluído; depois em Londres é passar à final, vai ser o segundo patamar; depois de estar na final vamos lutar pelo melhor resultado. E o melhor resultado de certeza absoluta que pode surgir. Nós atletas estamos confiantes, tanto eu como o Fernando Pimenta estamos super confiantes. O barco desliza, temos vontade e só temos é de estar no momento certo e no nosso dia para correr às mil maravilhas”, confessou o jovem de 26 anos, ao ‘Correio do Minho’.
Habituado a conquistas e com várias medalhas no currículo, Emanuel Silva acredita num bom resultado e lembra que são os próprios atletas os primeiros a sonhar com as medalhas: “se dermos o nosso máximo já vamos sair de Londres com o objectivo cumprido, porque demos o máximo. Ninguém mais do que nós atletas quer os melhores resultados”, frisou.
E um melhor resultado passa pelas medalhas? Claro. E neste ponto o canoísta não tem dúvidas. “Se a medalha estiver ao nosso alcance não a vamos deixar fugir, isso é uma certeza. Estamos conscientes e de cabeça fria. É possível. Não vou dizer que não. Numa final olímpica tudo é possível, desde atletas que ninguém esperava a serem medalhados olímpicos e atletas que ganharam todas as provas durante três anos e chegam aos jogos e não ganham”. Mesmo assim, fica o desejo do atleta.
“Prometer é muito fácil, agora cumprir é o mais difícil. Nós atletas sofremos bastantes e ninguém mais do que nós quer um bom resultado. Temos muita gente de olhos postos em nós e temos de ir sem essa pressão em cima de nós e nas nossas costas. Temos de ir com esse feito e em querer dar mais uma alegria”.

“K2 é o melhor barco para tentar uma medalha”
“Super confiantes”. Foi desta forma que Emanuel Silva e Fernando Pimenta partiram para Londres, onde vão lutar por uma medalha para a canoagem portuguesa. Depois de três semanas de estágio na Polónia, num centro de alto rendimento, a dupla entra em acção segunda-feira, dia 6. A escolha do K2 foi a mais adequada para as medalhas.
“Sinto-me bem no K2, eu e o Fernando encaixamos bem, o K2 é o melhor barco para tentar uma medalha. É um barco mais acessível”, explicou.
Depois do apuramento olímpico, a dupla conquistou uma medalha de bronze na Taça do Mundo, “uma prova que deixou bons indicadores para que possa acontecer um bom resultado agora em Londres”. “Em 2010 fizemos dupla e fomos quartos no europeu em K2 1000 metros e bronze no K2 500 metros, fomos segundos numa Taça do Mundo em K2 500 metros e com poucos treinos em conjunto. Isso é outro indicador que demonstra a nossa adaptação”, sublinhou.

“Quero ajudar a modalidade a evoluir”
Desde que se sagrou campeão do mundo de juniores, em 2003, Emanuel Silva lembra que a canoagem tem evoluído de forma crescente. Um crescimento fruto das conquistas e êxitos alcançados por uma geração de ouro, que em Londres procura dar mais uma alegria aos portugueses.
“A canoagem desde 2004 tem crescido bastante, sobretudo depois dos Jogos Olímpicos a comunicação social deu uma grande projecção à canoagem, mas acima de tudo é um crescimento pela vontade dos atletas da minha geração. Têm todos uma enorme vontade de bons resultados, temos fome de medalhas e de ganhar”, destacou o canoísta, acrescentando que a modalidade “evolui graças a esta dedicação” dos atletas.
“Quero fazer tudo para ajudar a modalidade a evoluir, para que um dia mais tarde a minha filha tenha orgulho no pai que tem. É um dos pontos altos e o que me dá força de vontade para treinar e ganhar, para que ela um dia tenha orgulho no pai que tem, por tudo o que fez pela modalidade, pelo país e pelo desporto português”, confessou.
E como é que se prepara um atleta para a exigência dos Jogos Olímpicos? “É com bastante treino. Fazemos 12 sessões semanais de treino, na água, treinos de rio, ginásio, bicicleta, corrida, natação, fazemos todas essas modalidades para estarmos ao mais alto nível. Depois treinos de quatro a cinco horas por dia, com descanso normal da tarde, normalmente passo os tempos livres a descansar ou com a minha filha. Tem que ser tudo levado muito certo. Costumo dizer que é como na escola. Se quisermos ser bons atletas, temos de treinar bastante, porque é uma modalidade muito difícil, no exterior, ou está frio, chuva ou sol, já cheguei a treinar com zero graus e é muito doloroso. Mas só assim se definem os campeões e a vontade de vencer”, rematou.
30-07-2012 - Correio do Minho
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