Tradicional presépio de Tibães foi renovado

Até ao dia 15 de Janeiro há mais um bom motivo para visitar o Mosteiro de São Martinho de Tibães. Por cima de um vasto manto de musgo verde, dezenas de figuras movimentam-se e dão vida, já lá vão 80 anos, a um presépio que conta ainda com centena e meia de ‘bonecos’ estáticos.


A tradição mantém-se viva pelas mãos dos jovens da terra. Este ano, os elementos da Comissão de Festas do Menino Jesus renovaram o presépio e a ter em conta as reacções dos visitantes “está muito bem conseguido”.

“O presépio já correu várias salas do Mosteiro de Tibães e este ano, para além de ter mudado de sala, o presépio foi todo renovado”, assegurou um dos responsáveis da comissão, Sérgio Barbosa. E justificou: “há muitos anos que o nosso presépio era sempre igual, por isso, tínhamos que inovar também, até porque conseguimos um espaço bem mais amplo. Agora temos o mar, o sol e algumas alterações dos cenários que já existiam”, contou ainda Sérgio Barbosa, um dos jovens que trabalhou durante o ano para dar vida a esta iniciativa.

Depois de desmontar o presépio começa-se a montar novamente. É assim todos os anos. “Desde Julho que passamos cá os nossos tempos livres, sobretudo, à noite e ao fim-de-semana”, confidenciou ainda o jovem.
Apesar do trabalho, “a tradição é para continuar pelo menos por mais 80 anos”, atirou.


O trabalho e a dedicação ainda valem a pena. “Só no passado domingo tivemos visitantes na fila à espera durante uma hora e meia e vem muita gente de fora, desde o Porto, Lisboa e até Espanha e Brasil” e tendo em conta as mensagens deixadas no palcard à saída do presépio os visitantes apreciam o trabalho ali desenvolvido.

“Fazemos pesquisas na Bíblia e tentamos colocar tudo o mais real possível. Não existe nenhuma cruz porque Jesus ainda não tinha nascido”, explicou aquele responsável da comissão, fazendo referência ainda à importância das várias profissões que existiam na altura e que não foram esquecidas no presépio, desde o oleiro, o moleiro, a tecedeira ou até o ferreiro e a lavadeira.
A música e inúmeros efeitos de luzes também não foram esquecidos neste presépio.

Os jovens mostram-se orgulhosos do trabalho desenvolvido, muitos deles já tiveram ali os pais e até os avós a fazer o mesmo. “É nossa obrigação manter viva a tradição e é algo que fazemos com muito gosto e orgulho”, refere.
O presépio é organizado pela Comissão de Festas do Menino Jesus, pela Paróquia de Mire de Tibães e pelo Mosteiro de Tibães.


Entretanto, a par do presépio, a igreja do Mosteiro está também a receber concertos de Natal. Ontem, a partir das 21.30 horas, actuaram o Coro de Dume, de Padim da Graça e de Palmeira. Já amanhã, o primeiro dia do ano, é a vez de anunciar textos e músicas alusivas ao Dia Mundial da Paz, a partir das 16 horas. Entretanto, no dia 6 de Janeiro está marcado outro concerto, às 21.30 horas, com o coro de Mire de Tibães, de Real e de São Martinho de Galegos.

Trabalho “merece visita”

Os visitantes estão sempre a chegar ao Mosteiro de Mire de Tibães. E mesmo sendo um dia de semana, não faltam apreciadores do presépio movimentado, que conta já com quase 80 anos de tradição. Uns visitam pela primeira vez, outros já é uma tradição antiga. Mas todos partilham da mesma opinião: “este presépio merece uma visita”.


Cândida Araújo nasceu em Mire de Tibães e viveu na freguesia de Panoias. Agora regressou à terra Natal. “Vinha cá sempre quando era solteira e venho agora. Isto dá muito trabalho, mas está muito bonito e é preciso ajudar os que fizeram esta obra”, frisou.

Mais à frente, o ‘Correio do Minho’ encontrou Luísa Alvim, que aproveitou as férias de Natal para visitar o presépio com os filhos e sobrinhos. “Por acaso recebo as notícias do Mosteiro de Tibães e decidi vir cá”, explicou aquela bracarense, confidenciando que o presépio “está muito bonito”. “Gostei muito, até a reconstrução das casas é muito similar. Nota-se que há cuidado”, defendeu. Os mais novos, Luísa e João Alvim e Tiago e João Miranda, também estavam entusiasmados com o presépio, sobretudo, com as imagens movimentadas.

António Malheiro Rodrigues também foi visitar o presépio com a esposa e dois filhos. A mais pequena estava a adorar e os comentários não paravam. “Eles adoram ver estas coisas e por isso aqui estamos”, justificou António Malheiro Rodrigues, frisando que “esta é uma forma de lhes mostrar que o Natal não é só o Pai Natal e prendas”.

Ainda a visitar o tradicional presépio de Mire de Tibães estava Isabel Martins, de Matosinhos, que foi com a filha e uma amiga. “Gostamos muito de arte antiga e admiramos os espaços, sobretudo, quando estão reabilitados como é o caso do Mosteiro de Tibães”, explicou. A visita ao presépio foi “uma agradável surpresa”.

“De todos os que vi deste género até hoje é o mais completo. Do castelo de Herodes até ao ofício da pessoa mais pobre tudo está feito ao pormenor e muito bem conseguido. Aconselho a virem visitar este presépio”, apelou.

31-12-2011 - Correio do Minho

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