Santuário do Sameiro: Enfrentar problemas com fé

Viver com fé é a “única solução” para enfrentar os problemas morais, sociais, económicos e financeiros que se vivem na sociedade de hoje. Esta foi a mensagem deixada, ontem de manhã, pelo bispo auxiliar, D. Manuel Linda, que presidiu a eucaristia, que se seguiu à já tradicional peregrinação de Agosto ao Santuário do Sameiro.


O nevoeiro que fazia ontem de manhã ajudou muitos peregrinos a participarem na peregrinação anual. Com o andor da Senhora do Sameiro, os peregrinos seguiram do Bom Jesus até à cripta a cantar e a rezar. Já no santuário, os peregrinos e a imagem da Senhora foram recebidos a cantar e a dançar por grupos folclóricos da arquidiocese.

Na eucaristia, presidida por D. Manuel Linda, foram muitos os emigrantes que encheram a cripta e o bispo auxiliar não perdeu a oportunidade de lhes dar as boas-vindas, já que são muitos os emigrantes que nesta altura do ano se deslocam ao santuário para agradecer ou pedir ajuda para mais uma viagem de regresso e mais um ano de trabalho.

“Anunciar o amor de Deus é a única arma”

Hoje a “grande prioridade é anunciar o amor de Deus que será, cada vez mais, a única arma para contrariar o ateísmo que começa a aumentar”. Por isso, para D. Manuel Linda, “é preciso viver a fé, que não seja de forma ocasional, mas que seja uma fé que está presente nas várias actividades humanas, desde a vida política, à cultural e até à económica. Só a fé é sensível a estes tempos, a estas situações de pobreza moral, social, financeira e económica que estão a tomar conta de todos. É preciso ser a igreja que este mundo muito precisa”.


D. Manuel Linda lembrou, ainda, que o papa Bento XVI estava, naquele momento a presidir à missa de encerramento da Jornada Mundial da Juventude, em Madrid, realçando as palavras do pontífice dirigida ao mais jovens. “Deus é o salvador preocupado com cada um de nós, isso quer dizer que não somos um número anónimo, mas que ele reconhece individualmente e sabe o que precisamos”.

Entretanto, ainda, na homilia, o bispo auxiliar evidenciou que “o o messias e a única salvação. A união da Igreja, que exprime a fé deve transformar o coração de pedra em coração sensível”.
D. Manuel Linda foi mais longe ao comparar a figura de Bento XVI como “o sólido alicerce da comunidade, tendo a Igreja obrigação de transmitir o que recebeu de Jesus”. E, segundo o bispo auxiliar, “este é o grande problema dos nossos dias”.

Cantar à Senhora emocionou

A emoção tomou conta de mutios dos fiéis, que não perderam a oportunidade de, ontem, parti- ciparem na já tradicional peregrinação de Agosto ao Santuário do Sameiro. O cantar e dançar à Senhora, com os vários grupos folclóricos presentes na festa, deixou muitos dos presentes sentidos.


A festa, que continuou de tarde com a actuação dos grupos, contou com a participação da Associação Cultural e Festiva ‘Os Sinos da Sé’, do Grupo Folclórico e Etnográfico de Palmeira, do Grupo Folclórico de São João Baptista de Nogueira, do Grupo Folclórico da Cruz Vermelha Portuguesa - delegação de Braga, o Grupo Cultural e Etnográfico de Aldreu, de Barcelos, e do Rancho Folclórico de Marrancos, de Vila Verde. Participaram, ainda, na festa, alguns elementos dos grupos folclóricos Dr. Gonçalo Sampaio e da Rusga de S. Vicente - Grupo Etnográfico do Baixo Minho.

“O evento ‘Vamos bailar à Senhora’ surgiu em 2004, ano do Centenário da Coroação de Nossa Senhora do Sameiro e os cento e cinquenta anos da Proclamação do dogma da Imaculada Conceição”, lembrou José Machado, responsável pela Associação Cultural e Festiva ‘Os Sinos da Sé e mestre em Literatura e Cultura Portuguesas.

‘Vamos bailar à Senhora’ com a participação de sete grupos

O convite é endereçado a todos os grupos folclóricos da arquidiocese de Braga. Porém, por causa de compromissos assumidos anteriormente e por ser um período intenso de festas paroquiais, nem todos podem aceitar o convite. “Este ano tivemos 11 grupos a dar apoio e hoje estão aqui sete para participar”, sublinhou José Machado, referindo que “seria bonito juntar todos os grupos a dançar num único grupo, ao som de uma só tocata”.

A Rusga de entrada - ‘A Senhora do Sameiro’; o Vira do Solar da Imaculada; o Malhão ‘Vamos bailar à Senhora’; a Chula batida do Santuário do Sameiro; o Vira dos romeiros; a Caninha Verde do Sameiro; o Vira geral de despedida são algumas das músicas dedicadas à Senhora.

O certo é que os peregrinos gostaram do que viram e muitos chegaram mesmo a emocionaram-se.
Laura e Belmiro vivem no Rio de Janeiro, no Brasil, mas sempre que vêm a casa têm que visitar a Nossa Senhora do Sameiro. Laura é de Marrancos, Vila Verde, e ‘contagiou’ o amor por Nossa Senhora ao marido brasileiro. “Já vimos muitas vezes esta peregrinação e é mesmo muito bonita”, confidenciou o casal, visivelmente emocionado.

“Está muita gente e esta festa é mesmo diferente”

Também Domingos Fernandes e a esposa Ana Silva, de Barcelos, estão emigrados em França e todos os anos nas férias vão ao santuário. “Foi a primeira vez que assisti a esta cerimónia e adorei”, confessou Ana Fernandes, que nunca participou na peregrinação. “Como já vamos para França na próxima quinta-feira decidimos vir cá hoje pedir a Nossa Senhora para fazermos uma boa viagem e para termos mais um bom ano de trabalho”.

O casal gostou tanto do ‘obrigado’ dos grupos folclóricos presentes à Nossa Senhora que decidiu regressar de tarde para assistir ao espectáculo ‘Vamos bailar à Senhora’. “Tenho pena que as minhas filhas não tivessem assistido, mas vamos agora buscá-las a casa para regressarmos de tarde”, assegurou aquela barcelense.

Mais à frente, o ‘Correio do Minho’ falou com Maria Helena Gil, que estava na companhia de alguns familiares. Veio de Coimbra passar o dia a Braga e ficou “surpreendida” com a festa à Nossa Senhora do Sameiro. “Não sabíamos que havia festa e foi mesmo muito bonito, está muita gente e é mesmo diferente daquilo que costumamos ver”, frisou.

Entretanto, no acolhimento aos peregrinos estava uma equipa, constituída por um médico e várias enfermeiras. Idalina Ferreira e Emília Costa, enfermeiras, Teresa Melo, administrativa, e Ana Costa, assistente social e socorrista, ainda não tinham tratado nenhum peregrino. “Eles também estão a chegar e por norma temos sempre pessoas com pequenos traumatismos, entorses, más disposições e quedas de tensão”, contaram aquelas responsáveis.

22-08-11 - Correio do Minho

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