Aplausos, lágrimas e muita emoção. Foi desta forma que cerca de 15 mil adeptos se despediram dos jogadores, ontem, no Estádio, quando o árbitro assinalou o final da partida, com um nulo no marcador. Foi cumprido muito mais que um objectivo, foi um sonho que há meses não passava disso e agora se torna realidade. O Sporting de Braga está entre as quatro melhores equipas a nível europeu, na Liga Europa, curiosamente, a par de FC Porto e Benfica.
O espírito de guerreiro e maturidade revelada pelos comandados de Domingos Paciência voltou a ser determinante, pela forma como vergou o Dínamo de Kiev, ao ponto do treinador dos ucranianos admitir que a vitória do Braga na eliminatória não merece contestação.
O sonho dos ‘Guerreiros do Minho’ não tem limites. O Braga está nas meias-finais da Liga Europa. E como foi audível, através da música dos Queen, “Show must go on”. Ou seja, o espectáculo continua.
O jogo de ontem terminou sem golos e foi o suficiente para o Sp. Braga carimbar a passagem às meias-finais da Liga Europa.

Condicionado pela ausência de algumas peças vitais no ‘onze’, o Braga começou o jogo numa toada de contenção, gozando da vantagem (1-1) do empate alcançado no jogo da primeira ‘mão’, na medida em que os pupilos de Yuri Semin estavam forçados, no mínimo, a marcar um golo. O Braga, no máximo, tinha de evitar sofrer. Mas o problema maior de Domingos Paciência foi reestruturar o sector defensivo, e por aí se desmorenou parte da estratégia quando Paulo César foi expulso (29 m), por uma entrada dura sobre Yarmolenko.
Perante tamanha contrariedade, a formação bracarense teve de reforçar o espírito de entre-ajuda para compensar o facto de cumprir mais uma hora de jogo em inferioridade numérica.
Domingos Paciência limitou-se a recuar Salino para lateral-direito, sem muito por onde remendar, com o Braga a perder algum fulgor no meio-campo.
O Dínamo de Kiev foi tomando a iniciativa do jogo, sempre com dois jogadores mais adiantados no terreno, nas circunstância Kravets e Milevskiy. Mas o ‘perigo’ maior para a baliza do Braga deu sempre pelo nome de Yarmolenko.

Certo é, foi em inferioridade numérica que o Braga começou a crescer na partida, dispondo de uma excelente ocasião para abrir o marcador em cima do intervalo, na sequência de um livre de Hugo Viana, que Shovkovskiy não agarrou à primeira e Meyong na recarga quase facturou.
Na etapa complementar, Yuri Semin procedeu a uma substituição, revelando-se mais audaz com a entrada de Leandro Almeida para o lugar do central Khacheridi. Mas foi o Braga quem esteve por cima do jogo. À passagem do minuto 49, Lima deixou as bancadas em suspense quando iniciou uma jogada de ataque, deixando nas covas o central Yussuf, mas na hora do remate o guarda-redes Shovkovskiy respondeu com uma estupenda defesa.
O guarda-redes ucraniano, aliás, teve de mostrar mais serviço que Artur, como ficou evidente nos reflexos que revelou na resposta a uma remate de Hugo Viana (73 m). E assim cumpriu-se mais um episódio histórico.
Domingos: “Satisfação enorme!”

Visivelmente satisfeito e emocionado, no final do jogo Domingos Paciência analisou a partida afirmando claramente que o apuramento do Sp. Braga para as meias-finais era mais do que justo e mesmo merecido, por tudo o que a equipa fez ao longo do jogo, mas também durante toda a campanha nas competições europeias.
Sinto uma satisfação enorme por olhar para aquele grupo de trabalho e ver como eles trabalham diariamente para chegarem aqui e conseguirem estes resultados e exibições”. Foi com estas palavras que Domingos Paciência começou a análise ao jogo feita à saída do relvado.
Visivelmente emocionado e satisfeito com o que a sua equipa tinha acabado de alcançar, o técnico arsenalista mostrou-se radiante pelo que estava a viver considerando que a sua equipa merece gozar este momento de enorme sucesso por todos os sacrifícios que tem realizado ao longo da temporada.

“É impressionante. Estivemos sempre muito bem, concentrados e determinados. Perder um jogador e jogar a maior parte do tempo com dez obriga a um enorme espírito de sacrifício. A equipa tem que se manter muito bem definida, logo que conseguimos, e com muito trabalho e determinação acabámos mesmo por ter as melhores situações de golo do jogo. O Dinamo também teve, mas fomos mais perigosos também no ataque”, referiu o técnico arsenalista, acrescentando que: “a equipa esteve muito bem, estamos de parabéns e merecemos isto que nos está a acontecer. Agora falta a final da Liga Europa. Depois de tudo o que já fizemos penso que neste momento podemos acreditar que tudo é possível. Vamos defrontar o Benfica num jogo que vai ser equilibrado, não tenho essa dúvida e sabemos que temos capacidades para ultrapassar o Benfica. O Sp. Braga já tem feito muito nas competições europeias. Derrotamos Celtic, Arsenal, Liverpool, Sevilla e outras equipas o que demonstra a força que esta equipa tem e aquilo que pode fazer”, disse Domingos.
A utilização de Paulo César no lado direito da defesa foi novidade que apanhou toda a gente de surpresa, mas Domingos é claro ao afirmar que além dessa possibilidade tinha outras que seriam sempre opções sérias, credíveis e que davam garantias.
“Havia três possibilidades: Paulo César, Custódio e Salino. Tive em consideração o facto da falta de experiência dos mais jovens e não queria pô-los em campo porque podia correr mal e isso podia marcá-los.
Tinha opções no plantel sénior e todos estes três tinham as capacidades para ocupar o lugar, mesmo que a meio do jogo fosse necessário mudar”, finalizou o técnico.
15-04-11 - Correio do Minho
Sem comentários:
Enviar um comentário