A operação de transferência do Hospital de Braga para as novas instalações inicia-se a 9 de Maio e demorará três semanas. Ontem, o grupo ‘Escala Braga’, entidade gestora do Hospital, anunciou que a mudança para o complexo hospitalar das Setes Fontes inicia-se com os serviços de ambulatório, realizando-se já aí, na segunda semana do próximo mês, as consultas externas.
O serviço de Urgência será o último a deixar o centro da cidade, num processo que o presidente da comissão executiva do Hospital, Hugo Meireles, comparou a uma “operação militar”.
Concluída a transferência dos serviços de ambulatório, passarão para o novo Hospital os serviços de medicina e cardiologia e, mais tarde, os blocos operatórios de ambulatório e convencional.
Ainda antes do dia 9 de Maio, os serviços de aprovisionamento e de farmácia estarão já nos novos edifícios do Hospital Central de Braga.
Hugo Meireles, numa visita guiada com jornalistas ao novo Hospital, justificou que a mudança se faz gradualmente ao longo de três semanas porque fazê-la num só dia “seria uma operação de altíssimo risco”.
Assim sendo, ao longo de quase todo o mês de Maio, haverá equipas e serviços a funcionar no novo Hospital e nas instalações do antigo ‘São Marcos”.
Perante este cenário, o grupo ‘Escala Braga’ tem preparado um “amplo plano de comunicação”, de modo a informar a mais elevada percentagem possível de população da região.
Os meios de comunicação social e as paróquias serão veículos privilegiados de comunicação com os utentes do Hospital. Durante o período de mudança de equipamentos e doentes para o novo Hospital, a administração disponibilizará um ‘call center’ para informações adicionais aos doentes, nomeadamente aos que têm consultas, cirurgias ou outros actos médicos agendados.
Acessos: EP tem plano de contingência
Enquanto decorrem os trabalhos de acabamento e de instalação de equipamentos, a via de acesso ao novo Hospital ainda não está concluída.
O presidente da comissão executiva do Hospital disse ontem esperar que o acesso esteja concluído a tempo de garantir a normalidade da transferência ao longo do mês de Maio.
“Se não estiver, a empresa Estradas de Portugal informou-nos que tem um plano de contingência. É nossa expectativa que o acesso esteja pronto no mais curto espaço de tempo após a abertura do Hospital”, acrescentou Hugo Meireles.
O acesso ao novo Hospital, a partir da circular urbana de Braga, perto do áreas comerciais Braga Parque e Retail Center, está a ser executado sob supervisão da empresa Estradas de Portugal.
Melhores condições para investigação médica
A entrada em funcionamento do novo Hospital de Braga permitirá alargar a componente de apoio ao ensino universitário. O facto de as novas instalações hospitalares se situarem junto à Escola de Ciências da Saúde da Universidade do Minho facilita a cooperação entre as duas instituições que ultimam os pormenores jurídicos de constituição de um Centro Clínico Académico, estrutura que visa acolher ensaios clínicos e desenvolver protocolos com outras entidades de saúde, associações e fundações científicas.
O presidente da comissão executiva do Hospital salienta que estão agora criadas as condições para instalar aquele Centro, através do qual se pretende “chamar para este pólo hospitalar um número significativo de investigações de nível 1”, ou seja, “fases iniciais de investigação médica na área do medicamento e dos materiais clínicos”.
No novo Hospital está reservada uma área de internamento de doentes envolvidos em processos de investigação.
Neste momento, o Hospital acolhe 120 alunos de Medicina, um número que poderá crescer, já que passará a haver “espaços para ensinar, para reunir com alunos, espaços exclusivos para o ensino pré-graduado”.
A Escola de Ciências da Saúde e o Hospital ficarão fisicamente ligados por um percurso pedonal.
Novo Hospital pode acabar com listas de espera cirúrgicas
“Nós temos capacidade para acabar com todas as listas de espera em termos cirúrgicos, desde que nos seja contratualizada essa produção”, assegurou ontem o presidente da comissão executiva do Hospital de Braga, no final de uma visita às novas instalações.
O novo Hospital, em fase de conclusão na zona das Sete Fontes, dispõe de um bloco op-ratório central com nove salas, a que se juntam três salas do bloco de ambulatório.
Com mais e melhores instalações cirúrgicas, o grupo ‘Escala Braga’ propôs ao Ministério da Saúde “um aumento da capacidade de produção de 30 por cento”, mas Hugo Meireles ressalva que não cabe ao grupo privado fixar por si essa produção, a mesma terá de resultar de “uma negociação de contratualização” com a Administração Regional de Saúde do Norte.
Em 2010, o tempo de espera para operações cirúrgicas foi reduzido para “menos de metade” no Hospital de Braga.
Urgência dez vezes maior
No novo Hospital, o serviço de Urgência ocupará uma área dez superior à actual. Os mais de quatro mil metros quadrados disponíveis possibilitarão um “atendimento segmentado” dos doentes de acordo com a sua gravidade e tipologia. Assim, haverá acessos diferentes para doentes em situações de emergência, doentes menos graves e crianças.
O novo Hospital vai acrescentar novas especialidades médicas, nomeadamente radioterapia e medicina nuclear, nefrologia, imunoalergologia, cirurgia pediátrica e cirurgia máxilo- facial.
A partir do próximo mês “qualquer doente só será transferido para o Porto em três situações: transplante, cirurgia cárdiotoráxica ou queimados”, garantiu Hugo Meireles.
No que respeita aos meios complementares de diagnóstico, actualmente em fase de instalação, a oferta da nova unidade melhora significativamente no na área da imagiologia.
Para além dos equipamentos de raio X, ecografia, mamografia,TAC e ressonância magnética, a nova área da medicina nuclear apoia-se num moderno acelerador linear para sessões de radioterapia.
Em 2012 será instalado um segundo acelerador linear, o que permitirá realizar 45 mil sessões de radioterapia por ano.
O presidente da comissão executiva prevê que, a partir de Junho, todos os exames de radioterapia de doentes da área de influência do Hospital de Braga deixem de se realizar no Porto.
07-04 11 - Correio do Minho
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