Quinzenalmente, aos domingos de manhã, a comunidade ‘Encontros com Pedal’ junta-se para passeios de bicicleta na cidade. Ontem, cerca de uma centena de ciclistas associaram-se ao Centro de Solidariedade de Braga do Projecto Homem, assinalando o início das comemorações do 20º aniversário desta instituição de tratamento de toxicodependentes.

Segundo os promotores, tratou-se da maior participação de sempre nos ‘Encontros com Pedal’, duas horas de passeio sobre duas rodas que, para além de dar a conhecer melhor uma instituição que trabalha em Braga com uma população de risco, serviu para sensibilizar a comunidade para a importância de estilos de vida saudáveis e a promoção de valores como a amizade, a partilha, a curiosidade e o bem estar.
Sérgio Parente, um dos elementos deste ‘movimento comunitário’ criado em Março deste ano, cuja missão “é sentir a história e a arte da cidade, descobrir lugares, ruas e monumentos com significado histórico”, confessou ao ‘Correio do Minho’ que o contacto com o Projecto Homem foi ocasional, mas desde logo foi aceite o repto para o lançamento, em passeio de bicicleta, das comemorações dos seus 20 anos de actividade.

Anti-depressivo natural
Segundo este psicólogo, os passeios de bicicleta são um excelente “anti-depressivo natural”, pelo que se torna urgente a sinalização de espaços na cidade de Braga apropriados à circulação em segurança dos ciclistas.
Enquanto novas ciclovias não surgem, os ‘Encontros com Pedal’ vão continuar aos domingos de manhã nas zonas pedonais da cidade de Braga. O de ontem, a favor do ‘Projecto Homem’, registou recorde de participantes.
A rede social Facebook é, nesta fase, a principal plataforma de comunicação da comunidade.

Vinte anos a salvar toxicodependentes
“O Projecto Homem foi-se adaptando aos novos tipos de consumo de estupefacientes, adaptando também as suas respostas”, disse ontem ao ‘Correio do Minho’ Paulo Amaral Santos, coordenador de uma equipa de cerca de 70 voluntários que prestam serviço na instituição.
“Já não há, como há 20 anos, um perfil de consumidor de uma substância específica de eleição, hoje encontramos consumidores de várias substâncias e de idades muito díspares”, esclarece este licenciado em Filosofia com experiência na reinserção social de ex-toxicodependentes.
O Centro de Solidariedade de Braga do Projecto Homem conta, actualmente, com 60 internados na sua comunidade terapêutica, mais de 20 em fase de reinserção social e uma dezena no centro de dia.
A instituição tem equipas de rua a trabalhar nas cidades de Braga e Famalicão e aposta na “intervenção ao nível da redução de danos e riscos e na substituição da família, não apenas na resposta tradicional de internamento”.
“Continuamos a ter bastante procura, mas o encaminhamento de utentes pelo Instituto da Droga e Toxicodependência tem criado alguns entraves, devido à contenção de gastos”, considera Paulo Amaral Santos.
13-06-11 - Correio do Minho
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