Sé lidera rota das catedrais

A Sé de Braga foi ontem palco da assinatura do primeiro protocolo do projecto ‘Rota das Catedrais’ na região Norte, acto presidido pelo secretário de Estado da Cultura, que destacou a “reabilitação, conservação e aproveitamento do património cultural como potencial turístico”. Elísio Summavielle sublinhou que a reabilitação patrimonial de 23 templos, prevista naquele projecto, “representa um investimento com futuro porque é reprodutivo”.


Segundo o governante, “a área da reabilitação é uma vertente que está em franca expansão”.
“Uma vez que são 23 catedrais, este projecto vai movimentar todo o país. É importante referir que à volta de cada Sé, em cada local, nasceram cidades e, logo, a conservação e reabilitação das catedrais tem um efeito dinamizador nos centros históricos onde estas se enquadram”, explicou.

Depois de anunciar que o Instituto Turismo de Portugal aderiu à ‘Rota das Catedrais’, financiando o material de divulgação das sés portuguesas, Elísio Summavielle afirmou que não se pode “ignorar o potencial do turismo religioso no nosso país.
O modelo do turismo mudou e as autoridades têm essa noção. Hoje as pessoas procuram a cultura e a diferença”.

Ícone nacional

O facto do primeiro protocolo da ‘Rota das Catedrais’ a Norte ter sido assinado em Braga assumiu “particular simbolismo” para o arcebispo primaz, D. Jorge Ortiga. O prelado lembrou que “a Sé de Braga é um ícone da identidade nacional” e que a Igreja está apostada em “fazer deste espaço um sinal para a concórdia, para o acolhimento da diversidade de culturas, de pensamentos e de religiões, sem trairmos a nossa história”.

O projecto ‘Rota das Catedrais’ é uma parceria entre o Ministério da Cultura e a Conferência Episcopal Portuguesa que visa a conservação das catedrais entendidas como “património da nossa identidade”.

Presente também na cerimónia de assinatura do protocolo entre o Cabido da Sé a Direcção Regional de Cultura do Norte, o presidente da Câmara de Braga, Mesquita Machado, referiu que o Município “tem especial interesse neste projecto, assim como em tudo que concerne ao nosso património municipal. “A Sé de Braga é um dos pontos de turismo da cidade com mais procura e maior relevo”, justificou o edil.

A directora regional de Cultura do Norte, Paula Silva, apontou a Sé de Braga e outras catedrais como monumentos dos mais visitados nas nossas cidades, destacando, igualmente, que o património “é potenciador do crescimento económico”.

Investimento de 800 mil euros justifica-se em tempo de crise

As obras de conservação e restauro da Sé de Braga, previstas no protocolo assinado ontem entre o Cabido e a Direcção Regional de Cultura do Norte no âmbito do projecto ‘Rota das Catedrais’, ascendem a cerca de 800 mil euros.
O deão do Cabido, Pio Alves de Sousa justificou que “o investimento não pode considerar-se ofensivo para as muitas pessoas que, neste nosso tempo, passam inauditas dificuldades de todo o tipo.

A revisão geral e “muito urgente” das coberturas da Sé, a conservação e restauro dos dois órgãos de tubo do Coro Alto, a dignificação das capelas na base das torres e o estudo da degradação da fachada do templo são as quatro empreitadas que aguardam comparticipação comunitária através do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN).

“Não se trata de obras sumptuárias, mas de intervenções necessárias à conservação e melhoria do monumento, à dignidade do culto e à condigna recepção de muitas centenas de milhares de pessoas”, alegou Pio Alves de Sousa.
O desejo dos responsáveis do Cabido é de que as obras estejam concluídas a tempo de Guimarães Capital Europeia da Cultura e Braga Capital Europeu da Juventude, eventos que ocorrerão em 2012, com atracção de muitos mais visitantes à região.

“A esperada concretização, no ano 2011, da Marca do Património Europeu, distinção já concedida à Sé de Braga” é outro motivo apontado ontem pelo Deão para que se continue, agora através do projecto ‘Rota das Catedrais’, a cuidar da “Sé velhinha de nove séculos”.
As obras e estudos agora projectados para a catedral bracarense são vistos como “um investimento específico na área do turismo, indústria fundamental para a criação de riqueza no nosso país”.

À espera de mecenas

A par da comparticipação comunitária, o Cabido terá de pro-curar financiamento adicional, através de fundos próprios ou do mecenato, para suportar 20 por cento do custos do restauro da pia baptismal e dos dois órgãos de tubos.
Perante o secretário de Estado da Cultura e o presidente da Câmara de Braga, Pio Alves de Sousa sublinhou ontem “o empenhamento do Ministério da Cultura” e “a cooperação permanente” do Município no trabalho de salvaguarda do património imóvel e móvel da Sé de Braga que tem sido realizado nas últimas décadas.

D. Jorge pede estudo sobre custo do ensino privado

O arcebispo primaz de Braga defendeu ontem a realização de um “estudo exaustivo dos verdadeiros gastos” dos estabelecimentos privados com contrato de associação com o Estado.
Em comentário aos protestos que têm decorrido nos estabelecimentos privados contra os cortes de financiamento decididos pelo Ministério da Educação, D. Jorge Ortiga lamentou que “a discussão pública se tenha limitado à dimensão económica”, defendendo como “mais equilibrado e mais justo falar do direito dos pais em escolher a escola para os seus filhos e do Estado como garante dessa escolha”.

O prelado escusou-se a pronunciar-se sobre as críticas do Governo ao envolvimento de crianças nos protestos nas escolas privadas, mas afirmou que ”os pais é que são os verdadeiros educadores dos filhos”.
“Não gosto de falar de ensino particular e público, gosto de falar de ensino estatal e não estatal. O ensino a que chamam particular deveria estar inserido na rede de ensino público”, defendeu D. Jorge Ortiga.
28-01-11 - Correio do Minho

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